Gildásio Cavalcante | Notícias
Na mídia global, a cobertura do interrogatório do ex-presidente diante do juiz Sérgio Moro mereceu tratamento mais equilibrado. Jornalismo baseado no relato dos fatos e menos em opiniões
Por Olímpio Cruz
Noventa por cento da cobertura global sobre o Brasil nesta quinta-feira, 11 de maio, está restrita ao depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva perante a Justiça Federal. A mídia global mostra o impacto da sua ida a Curitiba para se explicar perante o juiz Sérgio Moro, pintado no material noticioso como um magistrado que luta contra a corrupção. Mas, diferentemente do que saiu na mídia brasileira, o material produzido por correspondentes e agências internacionais de notícias é mais favorável a Lula, que se apresentou como vítima de uma perseguição
O britânico The Guadian destaca em manchete que Lula condenou a perseguição a que está sendo submetido ao enfrentar no tribunal as acusações de corrupção. O repórter Dom Philipps relata que o presidente mais popular da história brasileira foi questionado por Sérgio Moro, “um herói nacional por encarcerar os ricos e poderosos”. O correspondente conta como foi o dia, o forte esquema de segurança em Curitiba, a presença de milhares de simpatizantes, e sobre o comício que Lula fez com a sucessora Dilma Rousseff, após prestar depoimento.
O francês Le Monde reportou que Lula apareceu no tribunal para encarar as acusações de suborno e protagonizou um show ante a Justiça. A correspondente Claire Gatinois diz que Lula, “combativo”, apareceu zombando, dizendo ser vítima de uma “caçada judicial”, mas também vergonha por ter de responder por sua mulher, que morreu em fevereiro. “Você me mostra o documento [prova] que o apartamento é meu. Porque precisa ter prova. O resto é blá, blá”, disse Lula, em destaque no texto.
Reuters informa que o ex-presidente apareceu perante o tribunal para enfrentar as denúncias de corrupção. O despacho relata que o juiz ao ser indagado por Moro, anunciando a necessidade de fazer “perguntas difíceis”, ex-presidente não titubeou: “Não há perguntas difíceis, senhor. Quando se fala a verdade, não há perguntas difíceis”. O material foi reproduzido pelo New York Times e outros 4,9 mil sites noticiosos.
Associated Press manchetou que Lula desafiou Moro durante o depoimento. “Depois de dois anos de massacre, eu estava esperando para ver um documento mostrando que eu comprei o apartamento”, disse Lula. “Mas não havia nada, absolutamente nada”. O material da AP foi replicado pelo NYTimes, Washington Post e outros 3,8 mil veículos de imprensa no exterior. Na Bloomberg, reportagem mostra Lula condenando “caça às bruxas” e sinalizando que será candidato a presidente.
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