Casada há treze anos com Michel Temer, ela se mudou recentemente para Brasília (na foto, no salão de beleza)
O estereótipo da primeira-dama dedicada a cuidar apenas do marido e da família parecia encaixar-se perfeitamente no perfil de Marcela Temer. Em 2010, quando Michel Temer foi eleito vice-presidente da República, ela nem sequer quis morar em Brasília. Tímida e avessa a badalações, preferiu ficar em São Paulo, longe dos holofotes, dedicando-se ao filho, Michelzinho, hoje com 7 anos.
A ascensão de Temer ao Planalto, porém, mudou radicalmente os planos de Marcela, embora não o seu comportamento. No papel de primeira-dama desde 21 de agosto, quando Temer assumiu definitivamente a Presidência da República, ela quase não se fez ouvir até agora. Marcela apareceu aqui e ali, sempre de maneira discreta e protegida por seguranças que impedem a aproximação de jornalistas. A ordem era preservá-la, mantê-la afastada das intrigas típicas do poder.
Os cuidados tiveram efeito contrário. Em praticamente todos os eventos aos quais compareceu, Marcela chamou atenção, despertou curiosidade e, mesmo sem pronunciar uma palavra, produziu o que os marqueteiros chamam de “uma agenda positiva”. Os assessores do presidente Temer decodificaram esses sinais. Perceberam que a ressurreição da figura da primeira-dama pode ajudar a melhorar a imagem do governo, e agora querem alçá-la ao papel de protagonista.
A juventude foi passada sem luxos em Paulínia
No início do governo, Marcela tornou-se “embaixadora” do Programa Criança Feliz e ganhou um gabinete no Palácio do Planalto. Era uma função meramente protocolar. Nos últimos dois meses, com investimento e foco, a primeira-dama passou a submeter-se a um intenso programa de treinamento, que inclui contatos com alguns dos maiores especialistas em políticas para a primeira infância. A estreia no novo papel está marcada para meados de janeiro.
Ninguém admite publicamente, mas, nos bastidores, o Planalto espera que “o frescor que a imagem de Marcela pode prover”, segundo um assessor, renda dividendos também ao governo do marido, visto com simpatia por menos de 10% dos brasileiros e acossado pelo desempenho fraco na economia e pelo avanço da Operação Lava-Jato. Será um desafio e tanto. “Pelo perfil que o presidencialismo tem, mesmo uma primeira-dama que tenha muito preparo e que seja muito querida não atinge mais que 5% da visibilidade do presidente. É uma posição muito mais decorativa do que qualquer coisa”, diz o cientista político Rubens Figueiredo. Veja
Colaborou Juliana Linhares