quinta-feira, março 3

Delcídio decide fazer acordo de delação e planeja citar Lula e Dilma

Saída de Delcídio é o mais duro golpe para a articulação política do governo Dilma
Saída de Delcídio é o mais duro golpe para a articulação política do governo Dilma(Ueslei Marcelino/Reuters)
Depois de passar três meses na prisão, o senador Delcídio do Amaral (afastado do PT-MS), ex-líder do governo Dilma Rousseff, decidiu firmar acordo de delação premiada com a força-tarefa da Operação Lava Jato e planeja relatar aquilo que testemunhou ao longo dos momentos mais dramáticos dos escândalos do governo do ex-presidente Lula e de sua sucessora. São informações com potencial devastador para o já cambaleante governo Dilma Rousseff. O site de VEJA confirmou que o ex-líder de Dilma fechou acordo, mas que a delação ainda não foi homologada - e pode, portanto, não ser aceita pela Justiça. O advogado Antonio Figueiredo Basto, responsável pela defesa de Delcidio, nega que o senador tenha firmado acordo.
De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, no cardápio de revelações que apresentou à força-tarefa, Delcídio citou vários nomes, entre eles o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e detalhou os bastidores da compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras, entre outros assuntos. As primeiras revelações do ex-líder do governo fazem parte de um documento preliminar da colaboração.
Nesta fase, o delator indica temas e nomes que pretende citar em seus futuros depoimentos após a homologação do acordo. Delcídio foi preso no dia 25 de novembro do ano passado acusado de tentar atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato e solto no dia 19 de fevereiro. Desde que saiu da prisão, Delcídio nega ter feito delação premiada.
Nesta quinta-feira, a revista Isto É divulgou documentos que detalham o que pode constar da delação de Delcídio, que teria 400 páginas. O senador acusou a presidente Dilma Rousseff de atuar três vezes para interferir na Operação Lava Jato por meio do Judiciário. "É indiscutível e inegável a movimentação sistemática do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo e da própria presidente Dilma Rousseff no sentido de promover a soltura de réus presos na operação", afirmou Delcídio na delação, segundo a revista. Cardozo deixou esta semana o Ministério da Justiça.
Uma das investidas da presidente Dilma, segundo Delcídio, passava pela nomeação do desembargador Marcelo Navarro para o Superior Tribunal de Justiça (STJ). "Tal nomeação seria relevante para o governo", pois o nomeado cuidaria dos habeas corpus e recursos da Lava Jato no STJ", afirma a reportagem. Delcídio pretende contar aos procuradores que a estratégia foi discutida com Dilma no Palácio da Alvorada e que sua tarefa era conversar "com o desembargador Marcelo Navarro, a fim de que ele confirmasse o compromisso de soltura de Marcelo Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo", da Andrade Gutierrez.
(Com Estadão Conteúdo)

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