O que se espera de um craque? Grandes jogadas, belos dribles, identificação com o torcedor, gols, que seja decisivo e ganhe títulos. Principalmente que ganhe títulos. Principalmente na América Latina. E o simbolismo da conquista desta medalha de ouro é exatamente esse. O inédito título conquistado numa noite de gala – em cima da temida Alemanha – está longe de curar as feridas abertas da Copa do Mundo diante do mesmo adversário. Também não apaga os problemas do futebol brasileiro. Mas serve, em particular, para colocar a carreira de Neymar em outro patamar.
A falta desses títulos com a camisa da seleção brasileira criou estigmas e boas doses de má vontade em relação a um dos maiores craques do nosso futebol, o genial Zico, que vestindo a camisa do Flamengo ganhou tudo o que disputou.
Sem qualquer comparação, Neymar coloca no seu currículo a medalha de ouro que tantos gênios (e ídolos) como Romário e Ronaldo não conseguiram. Tira das costas parte do peso que ainda terá de carregar até o dia que levar o Brasil ao Hexa na Copa do Mundo. Mas escreve também seu nome no coração do torcedor brasileiro, tão carente de ídolos no futebol recente.
Quando bateu o pênalti decisivo, deslocando o goleiro alemão, Neymar deu alguns passos e se ajoelhou. Chorou copiosamente. Certamente um choro de alívio. Pela pressão sofrida com a obrigação da medalha de ouro e pelas caneladas que deu em algumas atitudes dentro e fora de campo.
No mesmo Maracanã onde Neymar conquistou a Copa das Confederações em 2013 e onde sonhava se consagrar em 2014 – mas uma lesão contra a Colômbia lhe tirou completamente a chance, ainda antes da humilhação dos 7 a 1 – o craque do Barcelona pode, enfim, dizer que é também o craque da seleção brasileira. No maior palco do futebol mundial, Neymar fez tudo o que se esperava dele. Grandes jogadas, belos dribles, se identificou com o torcedor, fez gols (inclusive um golaço de falta), foi decisivo e ganhou! Que venha agora Rússia-2018…
Nenhum comentário:
Postar um comentário