domingo, agosto 23

Temer sairá da coordenação política. Não vai demorar muito.

Não vai ser já, mas não vai demorar.
Michel Temer, vice-presidente da República (PMDB), deixará a função de coordenador político do governo. O seu compromisso com a presidente Dilma Rousseff, ele mesmo já anunciou, era concluir a votação do ajuste fiscal. O ajuste possível já foi aprovado.
Tem um tempo para ele sair? Não. Mas não está distante. O vice-presidente é experiente e sabe que o impeachment será uma pauta permanente — até porque a Lava-Jato continuará a assombrar o Planalto e a presidente Dilma. Mas tende a haver um abrandamento do noticiário a respeito — até que volte com força. E será nesse período, que não vai tardar, que o vice deixará a coordenação política.
Temer fará de tudo para que a sua saída não se confunda com nenhuma forma de deslealdade à presidente da República, até porque será uma solução amigável. Ele e ela sabem que a função de coordenador pede alguém, como dizer?, mais afinado metafisicamente com a presidente. E o que os dois mantêm é uma relação de civilidade e de respeito político mútuo.
É claro, no entanto, que, fosse outra a natureza do PT, o trabalho dele seria mais fácil e lá poderia ficar mais tempo. Mas os companheiros nutrem um grande apreço pelo controle da máquina e, ao longo do tempo, criaram mais dificuldades do que facilidades para o coordenador.
E há que considerar o óbvio: por mais que se tente dissociar essa saída de Temer da sua condição de sucessor de Dilma no caso de ela sofrer um processo de impeachment, tal condição pertence à natureza das coisas — ou, para ser mais preciso, à Constituição.
A saída do vice da coordenação política acaba, pensando bem, sendo, à sua maneira, boa para todo mundo, inclusive para o Brasil porque:
1: Dilma põe no lugar alguém mais à sua imagem e semelhança;
2: Temer não terá de enfrentar dificuldades especiais na relação PT-PMDB, agravadas bastante depois da denúncia contra Eduardo Cunha;
3: é positiva para o Brasil porque, na hipótese de impedimento, é melhor um sucessor que não esteja comprometido com os erros em curso. E essa possibilidade, hoje, à diferença do que reza certo noticiário, é maior do que parece.
Por Reinaldo Azevedo

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