Santo Antonio de Jesus, no Recôncavo Baiano, é apontado como outro bolsão de consumo. A 200 quilômetros de Salvador, a cidade tem 100 mil habitantes. Mas esse contingente chega a 1,6 milhão, por atrair consumidores de cidades vizinhas que vão às compras no comércio local, avaliado como o mais barato da Bahia. São seis horas da manhã em Santo Antônio de Jesus (BA) e a feira livre, que vende de alimentos a confecções, está a todo vapor. Já foi melhor seis meses atrás, quando a crise não era tão aguda e a unidade de Paraguaçu do Estaleiro Enseada, em Maragogipe, a 70 km dali, não tinha demitido 5 mil trabalhadores em razão da Operação Lava Jato.
Mas quartafeira é um dia forte de feira, sobretudo para quem vende roupas. Frank Batista saiu às três e meia da madrugada de Feira de Santana, a cerca 100 km, e veio com o patrão para animar a clientela da barraca onde trabalha. E ele faz de tudo para chamar atenção. Estoura o saco de roupas no chão e provoca uma explosão. Depois sobe em cima da banca e joga as peças. São blusas, camisetas, vestidos espalhados por todos os lados. Algumas peças arremessadas sobre os clientes, outras espalhadas pelo chão nada limpo.
Mas isso não importa. Como em toda boa feira, trocadilhos, músicas inventadas animam a performance. “As pessoas animadas gastam mais”, diz Batista, que há dez anos tem esse trabalho. Assim como Batista, os comerciantes, sejam ambulantes, feirantes ou estabelecidos em grandes lojas no comércio de rua ou no shopping center, se multiplicam pela cidade. Na década de 80, a associação comercial lançou o slogan “Santo Antônio de Jesus: o comércio mais barato da Bahia” e a fama pegou. “Não deixamos a venda sair da cidade”, conta Herivaldo Nery, vicepresidente do sindicato patronal do comércio varejista.
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