terça-feira, novembro 11

Cria de projeto social, Talisca foi vendido duas vezes pelo Bahia

RAFAEL REIS
DE SÃO PAULO
As longilíneas e magricelas pernas que renderam ao garoto Anderson o apelido de Talisca (no dicionário, pequeno sarrafo) e hoje encantam os portugueses com chutes precisos de fora da área já foram muito usadas para desferir golpes de capoeira.
O novo selecionado começou a carreira em um projeto social em Feira de Santana (BA) que utilizava a arte marcial brasileira como estratégia de treinamento de futebol.
Foi graças à Fazenda do Menor e ao Astro, clube ligado ao projeto, que Talisca fez sua primeira viagem internacional, ainda na adolescência, para disputar um torneio de futebol de rua na Suíça.
Depois de uma experiência frustrada no Vasco, chegou ao Bahia em 2009. Ficou quatro anos nas categorias de base até ser levado por Jorginho à equipe adulta. E foi vendido duas vezes pelo clube.

Primeiro, teve seus direitos econômicos fatiados em quatro partes para render dinheiro ao Bahia sem ter de mudar de equipe. O agente Carlos Leite e uma empresa ligada a Bobô, ídolo e campeão brasileiro pelo time em 1988, compraram partes da promessa.

O clube ficou sem nenhuma participação em uma possível futura venda do jogador. Quando a proposta de € 4 milhões (R$ 12,8 milhões) do Benfica chegou, em julho, o Bahia se recusou a aceitá-la.
A solução: cada parceiro cedeu ao clube metade do valor a que teria direito. Com isso, o time de Salvador conseguiu arrecadar aproximadamente R$ 6 milhões.
Já o Astro, o primeiro clube de Talisca, faturou R$ 800 mil com a transferência. Valor que pagou as contas atrasadas de água e luz e serviu para que o projeto social que descobriu o agora astro do Benfica fosse reativado.
"Não foi um dinheiro que resolveu todos os nossos problemas, mas nos ajudou bastante", afirmou o diretor de esportes da Fundação de Apoio ao Menor de Feira de Santana, Antônio Rocha.
Folha

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