O presidente da República interino, Michel Temer (PMDB), ouviu mais críticas nesta quinta-feira de parte da bancada feminina na Câmara pela ausência de mulheres no primeiro escalão ministerial. Em uma tentativa de aplacar o descontentamento, Temer convocou as deputadas para uma reunião e prometeu nomear uma mulher assim que tiver de fazer uma reforma ministerial. As deputadas pediram que Temer apoie uma candidata para presidir a Câmara a partir do ano que vem.
"Tive muito pouco tempo para formar esse governo", justificou Temer, segundo a deputada Josi Nunes (PMDB-TO). Ela afirmou que a bancada "se sentiu valorizada" por ter sido convocada para uma audiência que durou mais de duas horas logo na primeira semana do governo interino. Josi disse que o governo foi formado com base em uma composição dos partidos e que as cúpulas das siglas "indicaram homens e não mulheres" - mais uma tese em defesa de Temer.
"Eu particularmente coloquei para ele: 'É preciso ter uma mulher'. Ele foi muito sensível, disse que, em princípio, vai ficar esse ministério. Mas deixou claro que na formação de um novo, um pouco mais a frente, vai nomear uma representante mulher. Ele nos pediu um tempo", disse Josi.
Ao todo, 21 deputadas participaram do encontro, todas da base governista.
As parlamentares disseram que toda a bancada feminina foi convidada (inclusive de partidos de oposição), mas havia cadeiras vazias na sala de reuniões. A deputada Rosângela Gomes (PRB-RJ) afirmou que a bancada indicou o nome da deputada Fátima Pelaes (PMDB-AP) para ocupar a Secretaria da Mulher no Ministério da Justiça. Ela também afirmou que, com a presidente Dilma Rousseff no poder, não havia contato direto com as parlamentares. "Antes tínhamos um ministério das Mulheres, depois transformado em secretaria, mas nunca tivemos um momento como hoje de sentarmos com a presidente da República e apresentarmos as nossas demandas. A presidente teria essa função e não o fez. Hoje tivemos pela primeira vez um diálogo direto e franco com o presidente."
A deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP), que chegou a ser cotada para assumir a Secretaria de Direitos Humanos, afirmou que a ausência de mulheres "não foi uma falha pessoal de Temer, mas uma consequência de como a política brasileira vem sendo estruturada nos partidos". Segundo Mara, as deputadas sugeriram que o peemedebista ajude uma candidatura feminina na próxima eleição para a presidência da Câmara. "Seria uma forma de trazer essa feminilidade pelo lado do Congresso." Mas Temer respondeu que essa era uma questão interna do Legislativo, segundo Josi Nunes.
O presidente interino também pediu apoio na votação de mudança da meta fiscal, prevista pra a próxima terça-feira no Congresso Nacional.
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