O ministro da Defesa, Jaques Wagner, cancelou domingo, 29, à noite a primeira agenda oficial que faria em Salvador, após assumir a pasta em Brasília.
Wagner participaria de um coquetel oferecido pela Aeronáutica a uma comitiva das Organizações das Nações Unidas (ONU), que está na cidade para participar de um painel sobre as operações de paz no mundo. Mas foi convocado de última hora pela presidente Dilma Roussef para uma reunião de articulação política, no Palácio do Planalto,
No início da noite, especulava-se que Wagner poderia ser transferido para a Casa Civil, em substituição a Aloizio Mercadante, como havia sido cogitado na semana passada.
A Assessoria de Comunicação do Ministério da Defesa, entretanto, negou que fosse uma reunião apenas com Wagner. "A presidente fez questão da presença dele, mas outros ministros também foram convocados". Também foi informado pela assessoria que Wagner pode vir à Bahia hoje para jantar com a comitiva da ONU, que fica na cidade até amanhã.
Fogo amigo
Nos bastidores, também circularam versões de que, como um dos principais articuladores políticos do governo, Wagner teve a presença exigida por Dilma, que estaria administrando as reações entre os aliados, sobretudo os petistas, acerca das declarações consideradas "infelizes" do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. A última insinuava que a presidente nem sempre agia da forma mais eficaz.
"Acho que há um desejo genuíno da presidente de acertar as coisas, às vezes, não da maneira mais fácil. Não da maneira mais efetiva, mas há um desejo genuíno", disse o ministro, na semana passada, ao proferir palestra para ex-alunos da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, onde se graduou.
Os petistas não gostaram e a situação teria ficado ainda mais tensa quando Levy, ao tentar se desculpar, afirmou que a equipe de Dilma deveria ter humildade e reconhecer que nem todas as medidas tomadas têm o resultado esperado.
"Aqueles que têm a honra de encontrarem-se ministros sabem que a orientação da política do governo é genuína, reconhecem que o cumprimento de seus deveres exige ações difíceis, inclusive da Exma. Sra. presidente, Dilma Rousseff, e eles têm a humildade de reconhecer que nem todas as medidas tomadas têm a efetividade esperada", afirmou Levy.
O deputado baiano Afonso Florence foi um dos petistas que fizeram questão de rebater Levy. " (É) Outra afirmação do ministro que requer ajuste", disse, acrescentando que o ministro da Fazenda ajudaria mais, tornando "efetiva" a política econômica, ajudando a presidente a levar o país à retomada do crescimento".
Filiado ao PDT, o senador Cristovam Buarque também comentou as declarações de Levy. Em entrevista ao Estadão, lembrou que perdeu o cargo de ministro da Educação por muito menos: "Eu fui dizer coisas sobre o Lula, sem nem citar o nome dele, e acabei caindo muito rápido. .Lembro da frase que eu disse: não precisa do Fome Zero, basta ampliar a Bolsa Família".
Fonte: A Tarde
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