Dirigentes do PSB ainda se recusam a falar sobre o assunto, mas a morte do candidato à presidente pelo partido, Eduardo Campos, desmontou o quebra-cabeças eleitoral montado até esta quarta-feira (13). Dos diversos cenários traçados, a ascensão da vice, Marina Silva (PSB/Rede), é apontada como um caminho natural – inevitável na avaliação de alguns -, porém o PSB precisa definir como lidar com a perda do expoente máximo do partido – além de candidato à Presidência da República, Campos também era presidente nacional da legenda. No curto tempo em que esteve me contato com a imprensa, Marina não falou sobre a sucessão presidencial. Limitou-se a lamentar a morte do companheiro de “10 meses de intensa convivência”. Em sua fala, a ex-senadora reforçou que aprendeu a respeitar, admirar e confiar em Campos, que, em uma jogada importante no tabuleiro político, trouxe Marina para o PSB após a frustrada tentativa de criação do Rede Sustentabilidade.
Apesar de detentora de um patrimônio de quase 20 milhões de votos em 2010, a também ex-ministra do Meio Ambiente está longe de ter ascendência total sobre as lideranças socialistas. Em diversos estados-chave como São Paulo e Minas Gerais, divergiu – e perdeu – para as motivações políticas do então candidato ao Palácio do Planalto. Sem Campos, que possui doutorado político do DNA de Miguel Arraes, Marina não atrai as mesmas visualizações positivas de setores empresariais que tendiam a financiar o projeto do PSB para o plano federal. Enquanto o partido não decide o futuro político da campanha – o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou que a sigla tem 10 dias para recompor a chapa -, o instituto Datafolha anunciou mudanças na pesquisa eleitoral prevista para o final de semana. Ao invés de Campos, o certame trará Marina na disputa contra Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB). Por enquanto, não é possível afirmar se ela será candidata ou se a morte do presidenciável influenciará no pleito. A negativa das lideranças do PSB em falar do assunto, todavia, aumenta o que já era indefinido. E um novo quebra-cabeças começa a ser montado no plano federal.
Muito emocionada, a candidata do PSB ao governo da Bahia, Lídice da Mata, também não falou sobre o comportamento político da própria campanha a partir de agora. Desde o início da corrida - e principalmente quando se afastou do PT para ser candidata, no final de 2013 -, a senadora apontou a candidatura de Campos a presidente como uma das principais motivações para deixar o arco de alianças petista na Bahia.
Nos últimos meses, todavia, tomou gosto pela ideia e passou a adotar uma postura mais crítica com relação ao governo de Jaques Wagner, antigo aliado de longa data. A morte de Campos não deve pôr fim ao projeto de Lídice. Mas arrefece os ânimos de uma campanha de “milhões contra tostões”, como sugeriu o coordenador do partido, Antônio Carlos Tramm. Para além de mexer no cenário político nacional, o falecimento de Campos pode causar duas reações distintas na Bahia: ou motiva os correligionários a continuar ou sepulta o projeto de alternativa que o PSB tentava pregar no estado, como buscava fazer na batalha federal. Mais uma vez, a decisão nacional vai ter impacto direto na decisão local.
INFOSAJ
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