quinta-feira, junho 9

Na despedida de Tombini, BC mantém os juros em 14,25%

Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini participa da 7ª edição do Itaú Macrovision, em São Paulo (SP)
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, que se despede do cargo(Paulo Whitaker/Reuters)
O Comitê de Política Monetária decidiu manter a Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, em 14,25% ao ano, sem viés. A decisão, unânime, foi tomada na noite desta quarta-feira.
A reunião do Copom encerrada nesta quarta foi a última comandada pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. O economista será substituído por Ilan Goldfajn no posto e passará a ser o representante do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI).
Segundo o comunicado em que anunciou a decisão, o Copom "reconhece os avanços na política de combate à inflação, em especial a contenção dos efeitos de segunda ordem dos ajustes de preços relativos. No entanto", ressalva o Comitê, "considera que o nível elevado da inflação em doze meses e as expectativas de inflação distantes dos objetivos do regime de metas não oferecem espaço para flexibilização da política monetária."
A manutenção dos juros já era esperada. Na manhã desta quarta, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA, índice oficial de inflação do país, acelerou para 0,78% em maio, depois de subir 0,61% em abril. Esse é o maior nível do IPCA para o mês de maio desde 2008.
No Relatório de Inflação, divulgado no fim de março pelo BC, a autoridade monetária estima que o IPCA encerre 2016 entre 6,6% e 6,9%. O mercado está mais pessimista. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo Banco Central, o IPCA fechará o ano em 7,12%.
Os analistas do mercado financeiro elevaram a estimativa de inflação nas últimas três semanas de maneira consecutiva. Apesar da queda do dólar, o impacto de preços administrados, como a elevação da conta de água em várias capitais, tem contribuído para a manutenção dos índices de preços em níveis altos. Nos próximos meses, a expectativa é que a inflação desacelere por causa do agravamento da crise econômica.
Entenda a Selic - Embora ajude no controle dos preços, o aumento ou a manutenção da taxa Selic em níveis elevados prejudica a economia. Isso porque os juros altos intensificam a queda na produção e no consumo. Segundo o boletim Focus, os analistas econômicos projetam contração de 3,88% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos pelo país) em 2016.
A taxa é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Quando reduz os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação.

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