Como ocorre às vésperas de toda eleição, o espírito de bazar baixou na política brasileira. Os partidos negociam seu tempo de propaganda no rádio e na tevê à luz do dia, na frente das crianças. Barganha-se de tudo, com exceção da mãe, que não tem valor de mercado. Há cenas constrangedoras, como a que aparece na foto acima. Um encontro de Dilma Rousseff com Fernando Collor. Um rindo para o outro, em comunhão fraternal de interesses.
Captada há quatro dias, essa imagem simboliza o paradoxo que aprisiona os candidatos no Brasil: antes de se vender no horário eleitoral como protótipos do avanço, eles entregam a alma ao atraso em troca de alguns minutos adicionais de propaganda eleitoral. Com isso, o país vive sob uma eterna crise de compostura. As ruas são incapazes de enxergar ética nos políticos. E os políticos são incapazes de demonstrá-la. No mercado da baixa política, o preço dos partidos aumenta na proporção direta do tamanho de suas bancadas na Câmara. Quanto mais deputados federais uma legenda possui, maior o seu tempo de propaganda. Leva a mercadoria o candidato que oferecer mais vantagens: verbas, estrutura de campanha e, sobretudo, posições na engrenagem do Estado que sirvam de trampolim para o fechamento de negócios. No plano federal, a despeito de não ser mais o portento eleitoral que já foi, Dilma ainda é vista pelos partidos como a principal perspectiva de poder. Por isso, ela se revelou mais sedutora do que seus antagonistas. No ritmo que as coisas c aminham, Dilma conseguirá filiar Aécio Neves e Eduardo Campos ao MST, o Movimento dos Sem Televisão.
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